- Droga! – ele exclama - isso dói!
Ele se põem de pé e suas asas se abrem como um leque. O homem olha para o pé e vê a unha quebrada do dedão.
- Logo a unha mais preciosa.
O anjo anda rumo ao vazio mancando da perna esquerda. Não há som, não há nada, apenas o vazio silencioso que o atormenta. O silêncio que trás pesadelos ao anjo que outrora fora alegre como os pássaros.
- Onde será que o inferno se escondeu? Que inferno!
Como uma visão, os portões aparecem a sua frente e ele caí no chão de rubi que também aparecera debaixo de seus pés.
- Essa cor é tão cheguei para o chão, se ainda fossem tapetes, mas sangue já não esta mais na moda a milênios. Lúcifer nunca teve bom gosto para as coisas, a cafonise sempre esteve vagando por seus corredores.
Surge a frente do homem um demônio bronzeado vestindo malha metálica que o encara ali no chão do inferno.
- Hum... você deve ser um dos guardas - diz o anjo com dificuldade de levantar - Nunca te vi por aqui, mas agora que vi não esqueço mais sua cafonise – o demônio levanta uma das sobrancelhas - o metal não esta mais na moda, é tão rústico, de bárbaro, e não combina com sua pele, você deveria usar lantejoulas ou paetês dourados, faria um belo contraste a sua pele bronzeada, ia parecer que estava sempre sem blusa, e umas penas iguais as minhas não lhe cairiam mal - o demônio revira os olhos nas órbitas e o anjo faz cara de náusea.
Apenas com um aceno de dedo o gigante bronzeado o manda seguir.
- Vamos a algum lugar querido? - pergunta o anjo ainda mancando tentando o acompanhar - Ande um pouco mais de vagar se não eu não posso sentir o seu cheiro de enxofre, que a propósito, diga se de passagem, não é o dos melhores aromas que se pode esperar de um guarda dos portões do inferno, você é como um porteiro, não pode espantar os visitantes com seu cheiro. Experimente lavanda ou mesmo o cravo, esta na moda nos dias atuais, esse seu chei... - o demônio se vira para trás e o segura pela gola da parte da frente da blusa e o atira contra a parede.
O anjo atravessa a parede escura e o demônio continua seu caminho resmungando.
O anjo caí de costas no chão no meio do escuro.
- Brutamontes estúpido - ele resmunga enquanto massageia as asas sentado no chão olhando ao redor - fazendo isso com um anjo da minha classe...
- Qualé a tua, frutinha? - uma voz ranhosa indaga do canto e o anjo olha para a direção com uma das sobrancelhas levantadas.
- O anjinho ta dodói é? - uma segunda voz (uma voz grossa) fala do outro lado - vamos dar uma lição em você e você vai ter motivos para ter a voz tão mole.
O anjo sorri soltando as asas e cruzando as pernas.
- Ih, olha o cara - a voz ranhosa diz - ta fazendo pose, ta gostando, ta achando que vamos realizar os seus sonhos.
- Ele vai chorar e nem vai saber o que o estraçalhou depois - a segunda voz ri, um pouco mais próximo.
O anjo sorri novamente e coça o nariz com seu jeito afeminado.
- Será que nunca disseram que preto é uma cor muito sombria e morta? Vocês se escondem de mais nela, devem aparecer mais para o mundo.
- Ih vai a merda...
- Vou ajudar vocês - o anjo abre as asas e uma luz branca ilumina o lugar - Agora esta bem melhor.
Os donos das vozes recuam para o canto em um salão redondo, enquanto o anjo no meio sorri olhando de um para o outro. Duas criaturas minúsculas, medindo não mais de 30 centímetros cada um, ambos da cor rosa.
- Eu adoro rosa - diz o anjo esfregando as mãos com um sorriso malicioso.
Uma porta se abre na frente do anjo.
-Venha logo! - diz uma voz conhecida, a voz de lúcifer- Venha antes que me arrume confusão.
O anjo se levanta e caminha lentamente mancando com um ar triste.
- Que pena - diz ele olhando para as criaturas que ainda se escondem cada um em seu canto.
- Peço perdão – diz lúcifer o olhando com um ligeiro ar zombeteiro - o guarda é muito rabugento e estressado, mas ele já foi punido pelo que fez.
- Ah não tem problema, sempre gosto de fazer novas amizades. - lúcifer o olha com desdém.
- O que você tem a falar? A muito tempo que não vem aqui, seja breve tenho os meus afazeres.
O anjo sorri para ele.
- Você sempre usando essas roupas antigas. Eu adoro, você nunca sai de moda.
Continua...
Acho que você atingiu o ponto de sátira desejado.
ResponderExcluirVocabulariozinho, em?! Vô te contar...!
Você é normal, a cada texte que passa, você obtém progresso em alguma área específica.
PS.:
Por favor, da próxima mude o assunto!
É absolutamente desconfortável!
Muito bom, Maximilian. Aplaudo-te de pé (estilo bonequinho viu). Com a autêntica plumagem dos seguidores de mestre Gaiman, você nos brinda com um fractal de seu novo trabalho, sem perder o foco do tema. Continue assim.
ResponderExcluirRodrigo, do Mundo da Penumbra.
Nossa, muito bom! Adorei! Achei o conto muito interessante, e bem engraçado.. mas esse "continua...", poxa, fiquei curiosa pra saber o que acontece depois.. rs
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