sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Fantasma do Corcunda por Maximillian Nightfall

Jack morava na casa de criados de um casarão estranho. Nos fundos do casarão, havia um cemitério e ele sempre se impressionava com morcegos e corujas que saiam voando de lá à noite. O terreno era muito grande e do quarto de Jack até o casarão a visão poderia enganar uma criança, mas não enganaria um adolescente esperto.
Ele tinha um amigo, Mike, e os dois ficavam sempre de vigília à noite, esperando qualquer sinal de algo suspeito que pudesse aparecer nas redondezas. Corria um boato naquele lugar sombrio e deserto - os donos não gostavam de morar lá e não conseguiam vender o lugar, eles pagavam a família de Jack pra cuidar de tudo -. Dizia-se que um jovem fora assassinado na mesma idade dos dois, aos 15 anos. Diziam ainda que ele era um corcunda e que adorava passear a noite.
Foi em uma noite de sexta. A lua cheia iluminava o espaço entre as casas. Uma neblina densa percorria todo o terreno, às vezes embaçando as lentes do binóculos dos garotos. Ainda não era meia noite, mas eles estavam lá. Olhavam para as janelas do casarão e depois para o cemitério. Viam morcegos, corujas e às vezes alguns pássaros noturnos darem grandes rasantes saindo das torres. Eles nunca tinham visto nada de mais, mas algumas vezes Jack ouvia coisas batendo. E ouvia ecos como se fossem gruídos, que eram facilmente explicados - pelos pais - como o vento.
Ventava muito naquela noite. Jack olhava na direção da casa, quando sentiu uma cutucada no braço. Ele olhou para o amigo que tremia dos pés a cabeça e apontava para a direção do cemitério. Ele virou o binóculos para lá e quase caiu de medo. Um vulto corcunda vinha na direção da casa dele. Ele tentou enxergar, mas a aparição estava nas sombras e eles não podiam saber o que era. Mas Jack não teve dúvidas, ele viu a corcunda. Era o jovem morto. Ficaram ali olhando, o fantasma andou e passou pelo outro lado da casa. Nenhum dos dois ousou falar nada, tremiam muito. Ouviram um barulho dentro de casa. Depois passos vindo na direção do quarto. O fantasma viria pegá-los. A maçaneta girou. Lentamente, a porta se abriu. Os dois se agarraram e começaram a gritar fechando os olhos e temendo com o que poderia ser.

-Por que vocês dois estão gritando? - uma voz feminina os indagava. Eles olharam e viram a mãe de Jack com uma mochila nas costas - E por que as calças de vocês estão molhadas?
-Nada não mãe. - Tentou sorrir Jack, mentindo e ainda tremendo. A mulher fechou a porta e se foi. Jack e Mike respiraram aliviados. Os dois voltaram a vigiar o terreno, esperando. Um dia encontrariam algo sobrenatural naquele lugar.


Fim.

Um comentário:

  1. Gostei, apesar de achá-lo um pouco direcionado para livro didático, mostrando as duas moedas da adolescência (a auto-afirmação e a insegurança). Achei que isso aconteceu porque o texto inicia mais sombrio e termina com um toque de humor.
    Parabéns.

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