segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Nos bastidores da política


Sou Maximillian Nightfall, estou trabalhando em pesquisa eleitoral nesse tempo de eleições, eu odeio isso. Aí, Samara Lilith, me pediu para escrever algumas curiosidades que aconteciam nesse trabalho, eu levei uma semana, mais ou menos, para me recuperar psicologicamente desses casos, e só hoje consegui reunir forças para escrever. Desde que começou o blog, Samara vem me pedindo para escrever alguns contos, por outros motivos não pude começar até hoje, como cartão de visita vou contar uma crônica.

Isso aconteceu em uma sexta-feira do mês de agosto (só podia ser agosto).

Andando naquela rua quente eu pensava em varias coisas, algumas sobre minha vida particular e outras em como seria a proxima pessoa que me atenderia, eu estava a pouco tempo neste trabalho, mas já haviam aparecido pessoas bizarras para me atender. Bati no portão de garagem de uma casa, fiquei esperando e nada, depois de alguns minutos me dei conta de que a casa tinha um portão principal, por minha sorte, tinha também uma campainha (eu não precisaria gastar a minha garganta gritando por algum filho da p... que me sacanearia).
Aguardei alguns instantes, uma voz de velha lá no fundo perguntou quem era.
- Bom dia – respondi (já era duas da tarde ou mais e eu nem tinha comido nada) - Tô fazendo uma pesquisa política, posso entrevistar a senhora?
- Só um minuto garoto. - a voz respondeu de volta e eu me animei (eba... a velha vai me ajudar - pensei)
Aguardei mais um pouco, o sol batendo na minha cara, a rua deserta, minha barriga dando nó, a cabeça doendo. Eu já tava puto com aquilo e nada da mulher vim, por fim, ela meteu a cara e disse:
- Olha, eu to no telefone, você pode passar aqui depois que eu respondo tudo para você!
- Ta bem! – eu voltaria depois e pegaria os dados dela, tava tranqüilo, antes demorar no certo, do que correr para o duvidoso.
Batuquei no portão ao lado, ninguém atendeu, um cachorro preto apareceu
- Que cachorro bonitinho, chama seu dono. - o bicho começou a latir com raiva. - Você tá preso mané, não vai me pegar aqui fora.
O portão ao lado abriu, meus olhos devem ter brilhado, acredito que olhei para o lado como um morto de fome na hora da distribuição de feijão com arroz na fila de distribuição de comida. Dei alguns passos para o lado em direção ao portão para emboscar o morador quando ele saísse. Eu era como um tigre a espreita de um cervo, eu iria abocanhar a pessoa e faria todas as perguntas a surpreendendo antes que ela conseguisse pensar e tiraria todas as informações dela.
Escutei um latido e olhei para baixo, era um cachorro amarelo que tava saindo.
- Porra ! Sacanagem!
O cachorro era bonitinho, mas o deixei para lá, olhei para dentro da casa e o cachorro continuou latindo, bati no portão e o cachorro saiu da casa latindo em minha direção. Recuei alguns passos e ri, era engraçado , eu tava assustado, mas a cena era engraçada, o cachorro me encarou bolado, eu parei e fiquei olhando, fiz menção de ir bater no portão novamente e cachorro avançou novamente tentando morder a minha perna, a protegi com a minha prancheta e recuei mais ainda o cachorro veio pra cima, em um determinado ponto onde acabava o muro da casa dele ele parou, olhou a sua volta e voltou correndo para casa.
Eu ri novamente, ele não poderia passar daquela linha imaginaria. O cachorro ficou me olhando da casa dele na espreita me esperando, achando que eu seria idiota de voltar lá.
Tomei um fôlego e olhei ao meu redor, ninguém tinha visto nada, sorte minha, ali perto tinha uma escola. O cachorro continuou ali parado, ele era o tigre agora e eu era o otário, resolvi dar a volta, ele pensou que eu ia entrar no território dele novamente (na verdade eu quase entrei mas resolvi não fazer para não atiçar o bocó) dei a volta olhando para ele e fui fazer outras casas.
Andei bastante pela rua e fiz varias casas, deixei a casa da velha para fazer bem mas tarde, entrei em uma rua que cortava a que eu estava, logo na entrada bati na casa de uma garota, ninguém atendeu, do nada saiu uma outra velha de uma casa ao lado, ela me chamou, fui lá, a garota da casa anterior apareceu e eu pedi para entrevistá-la depois, ela concordou.
- Bom dia senhora eu...
- Vem cá – ela me cortou, ela era uma velha portuguesa, mas não sei escrever com sotaque - Garota, to aqui a um bom tempo esperado você passar. - olhei a velha bolado - Vocês ficam de brincadeira comigo, pois bem venha cá menina, eu quero saber o por quê, que vocês jogam as minhas cartas na casa ao lado.
- Senhora, eu não sou carteiro, eu to fazendo pesquisa política...
- Não, mas você parece com as garotas que entregam cartas aqui, me falaram que tem umas meninas que entregam as minhas cartas para os outros.
- Senhora, eu sou homem - fiquei inconformado - eu tenho barba.
- Ora pois, não parece não sabe, muitas garotas por aí tem bigode. (Ela tinha bigode)
- Senhora eu não tenho peito! - estiquei a minha blusa contra o corpo para ela ver que o meu peito era liso.
- Você é muito magrinha, tem muitas meninas hoje em dia que não tem peito, são magrinhas assim que nem você. – fiquei desolado, cabisbaixo, olhei para o chão envergonhado, parecia um personagem de mangá triste. – Você com esse cabelinho grande, esses cachos caindo por baixo do boné, branquinha, parece uma garota .
A mulher tava quase me convencendo! Só faltou me dizer que quando eu puxei a minha blusa para trás para amostrar que eu não tinha peito e a minha barriga de vermes e lombrigas ficou exposta era porque eu tava grávido.
- Senhora, eu sou homem!
- Ora pois, se você diz.
- Eu sou (ela já tava quase me convencendo que não), sou homem!
- Tudo bem, então me desculpe. - ela tava me olhando desconfiada, tinha acreditado não - É que umas garotas colocam minhas cartas na casa da vizinha e ...
A mulher começou a falar, eu a enrolei e fui conseguindo fazer a pesquisa, isso já tinha passado uns 15 minutos, eu já tava bolado, fingindo ser simpático, enquanto a mulher ainda tentava me convencer que eu era garota. Terminei a entrevista e a mulher não me deu brecha para pegar os seus dados, mas eu tava feliz, ela parecia simpática afinal, e eu iria conseguir os dados que precisava.
- Senhora? A senhora pode me dar alguns dados? - ela me olhou bolada.
- O que você quer?
- Preciso do seu nome - ela deu - e agora preciso do seu telefone. E expliquei que eu recebia por cada nome e telefone que pegase e ela me olhando bolada e tentando contar suas histórias.
- A meu filho, (ela mudou, eu já não era mais menina) eu to sem telefone – (velha filha da p... pensei) – Você me desculpe, mas eu não tenho. - e me enrolou mais uns 5 minutos, ela tentou me convencer novamente.
Demorei quase meia hora com ela me enrolando e desabafando, pacientemente dei boa tarde e agradeci, eu não poderia xingá-la (embora eu quisesse), isso não faz parte do meu caráter, e ela era uma idosa, e também não ia entender nada do que eu ia falar mesmo, ela quase não entendeu a entrevista.
Me despedi dela putaço da vida, mas tentando manter a calma para não descontar em pessoas que não tinham nada a ver com isso.
Coisa de uma hora depois voltei a casa daquela velha, a primeira da rua anterior. Conferi para ver se era a casa mesmo e toquei a campainha, o cachorro amarelo saiu do portão dele latindo desesperado para cima de mim. (Porra! To batendo no teu portão não!) Ele parou de frente, na linha imaginaria e viu que eu não tava batendo no portão dele (“haha... se fodeu, você não pode passar para cá”- pensei nervoso, enquanto ria), ele voltou todo desanimado, como se tivesse perdido uma final de campeonato de futebol, orelhas caídas e desolado, parecia um cartoon caminhando lentamente. Sorri com a cena enquanto meus batimentos voltavam ao normal (ou tentavam pelo menos).
- O que você quer?
- Senhora? - olhei para o lado, a mulher tava com o portão entreaberto, e sua cara feia me olhava com raiva - É coisa rápida, vou fazer algumas perguntas para a senhora.
Fiz a entrevista a mulher se descontraiu, já eram quase 5 da tarde e eu não tinha nem tomado café, tava apenas com alguns goles de águas que tinha levado de uma garrafa que não descongelou. Tentei ser o mais rápido possível e realmente fui, só demorei mais porque esse pessoal dizem que não gostam de política que estão com pressa, mas sempre ficam falando mais de dois minutos do presidente que amou ele, que odiou ele e outros ainda que nem se lembram da cara ou do nome dele (eu sou um desses outros).
Pedi o nome dela, ela deu, eu me entusiasmei, ia fechar aquela folha com chave de ouro. Perguntei o telefone. Ela me olhou bolada e disse:
- Ih garoto, sabe o que é, eu não vou te dar o meu telefone não. – eu quase caí pra trás, ia ser uma cena de anime total, e ainda ia ter aquela gota gigante do lado.
- Mas por que senhora? – expliquei a ela o motivo de pedir o telefone.
- É que o telefone é do meu filho e ele vai brigar comigo. (Na casa dela as coisas deviam ser ao contrario, era o filho que batia nela.) - Ele vai ficar falando, vai me dar esporro. - ela colocou a mão na cabeça, devia ta pensando na mentira que ia dizer em seguida - Posso dar o telefone não garoto.
Insisti mais um pouco, toda hora olhando para ver se o lobo amarelo iria esquecer da linha imaginaria e ia pegar o meu pé, por fim ela me olhou e disse:
- Não posso dar, entenda!
- Ok senhora, muito obrigado e boa tarde. (velha mentirosa)
Quando estava voltando esqueci e passei pela rua da velha portuguesa, ela tava na rua, acenou para mim, respondi entre os dentes, ela jogou uma piada que não entendi (já tava querendo me sacanear de novo). Fui para outras casas, tomei mais alguns “nãos” e desaforos, consegui alguns dados e fui enganados mais algumas vezes ao fim do dia no final de tudo descobri que só teve um ser que foi esperto nisso tudo, foi o cachorro preto que não podia me morder mas mandou o vizinho!

Ainda tenho medo de passar pela rua da velha portuguesa, tenho medo que ela me convença.Andando naquela rua quente eu pensava em varias coisas, algumas

3 comentários:

  1. Maluco só se fode hein!!!

    ResponderExcluir
  2. muito bom. e o melhor é q n é ficção. n consegui segurar as gargalhadas durante a leitura. tb trabalhei c isso e é assim mesmo. mas pode deixar q te vinguei várias vezes. qnd atendia o interfone mó voz de déti metal, eu "boa tarde senhora, estou realiazando uma pesquisa política." "quero saber de política n, p..." "pois n, senhora, muito obrigado e boa tarde p senhora."

    e outra: cachorro se pega na conversa. faz tsc tsc, estala os dedos. consegui um monte assim. chamava o cachorro. dona bolado vinha ver qual era. outra abordagem era fazer o cachorro latir tanto a ponto de abafar o som da tv.

    ResponderExcluir
  3. Hahahahaha!
    Por que não mandou essa velha, sua filha, sua neta, sua bis neta, sua tataraneta, sua tatataraneta, sua 5ª geração p/ a P... Que a pariu?
    Eu acho que se fosse comigo, teria feito algo do gênero ou pior.
    Não suporto velhos gagás!

    ResponderExcluir